Microfonismo Coclear

O que é um microfonismo coclear?

O microfonismo coclear é uma resposta da cóclea que imita o estímulo de entrada e acredita-se que seja uma resposta proveniente principalmente das células ciliadas externas (Dallos, 1983).

Por que medir os microfonismos cocleares?

A presença de um microfonismo coclear junto com um PEATE ausente ou anormal é usada no diagnóstico do transtorno do espectro da neuropatia auditiva (ANSD). Quando um PEATE por clique ou CE-Chirp® LS não está presente ou está anormal, é comum realizar um teste de microfonismo coclear. Determinar a presença ou ausência do microfonismo coclear (resposta das CCE) é uma parte importante da bateria de testes para ANSD.

Como medir os microfonismos cocleares

Preparação do paciente

O paciente deve estar relaxado ou dormindo em um ambiente silencioso e deitado durante o procedimento.

Colocação dos eletrodos

É possível obter microfonismos cocleares com uma montagem padrão de eletrodos para PEATE; no entanto, o sinal mais forte será obtido com eletrodos posicionados o mais próximo possível do local de geração. Os eletrodos mais comumente usados para esse propósito são os TipTrodes de folha de ouro ou os TM-trodes.

Abaixo estão dois exemplos de colocação de eletrodos

1. Colocação de eletrodos usando EPA4 com um TM-trode
2. Colocação de eletrodos usando EPA3 com um TM-trode

Para ambos os exemplos, o TM-trode e o ouvido de teste devem ser preparados antes de colocá-lo na mambrana timpânica. Para reduzir a impedância, pode-se usar uma solução salina. Drene o ouvido antes de inserir o TM-trode. O TM-trode pode ser colocado em solução salina por alguns minutos antes de ser colocado na mambrana timpânica e deve ser mergulhado em gel de contato para eletrodos (por exemplo, Sonaville) antes de posicioná-lo na mambrana timpânica.

Exemplo de colocação de eletrodos usando o TM-trode e EPA4

Exemplo de colocação de eletrodos usando EPA3 com um TM-trode

O EPA3 é uma alternativa simples quando apenas 1 canal é desejado e se utiliza o TM-trode.

Seleção do transdutor

Devem ser usados fones de inserção, pois permitem realizar uma linha de base das gravações. Isso é feito pinçando ou apertando os tubos de silicone do fone de inserção e, em seguida, medindo a resposta. Isso elimina o estímulo nos ouvidos do paciente, permitindo distinguir artefatos elétricos de uma resposta MC verdadeira.

Nota: os transdutores devem ser colocados longe dos eletrodos de medição e de seus cabos.

Configuração do Eclipse

O Eclipse vem com um protocolo pré-programado para testes de MC (licença), portanto, o sistema está pronto para uso imediato. Protocolos podem ser criados ou modificados facilmente para atender às necessidades da sua clínica. Consulte as Informações Adicionais do Eclipse para aprender a criar ou modificar um protocolo. O procedimento descrito abaixo é uma diretriz para o teste de MC.

Procedimento do teste de microfonismo coclear

1. Escolha o protocolo Cochlear Microphonics MC
2. Pressione no menu da barra de ferramentas para habilitar A/B (condensação (+) e rarefação (-)).
   Alternativamente, se quiser medir uma curva como condensação e outra como rarefação, entre em Configuração Temporária antes de iniciar o teste para alterar a polaridade.
   
3. Realize uma medição de linha de base com o tubo pinçado. Certifique-se de não mover o transdutor ao fazer isso.
4. Selecione a orelha e a intensidade e inicie a medição. Devem ser usados cliques com nível de intensidade de 80-85 dB nHL.
5. Monitore o EEG durante o teste para garantir uma coleta com ruído mínimo.
6. Monitore a resposta na tela nos primeiros milissegundos – normalmente são realizadas 2000 varreduras quando se mede com A/B habilitado usando estímulos alternados – embora o número de varreduras não deva ser usado como critério único de parada.
7. Se um microfonismo coclear estiver presente, é importante garantir que não seja um artefato do estímulo. Certifique-se de que a medição seja reprodutível e realize uma medição com o tubo pinçado.

Resultados do microfonismo coclear

Abaixo estão dois exemplos de respostas de microfonismo coclear. O superior é um caso de ANSD, enquanto o inferior foi medido em um indivíduo com função normal do microfonismo coclear. 

O exemplo superior mostra um microfonismo coclear de um bebê com ANSD, mostrando rarefação, condensação e linha de base com o tubo pinçado (Stevens et al., 2011). O exemplo inferior mostra um microfonismo coclear de um lactente considerado normal.

Pacientes com ANSD apresentam um microfonismo coclear anormal, visto como uma amplitude maior que o normal da resposta nos primeiros milissegundos. Além disso, a latência da duração do microfonismo coclear geralmente é mais longa do que o esperado. Observe que a resposta do microfonismo coclear por si só não é documentação suficiente para ANSD e deve ser complementada com um registro de PEATE para verificar se a resposta do PEATE está presente ou ausente.

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Referências

Dallos P. (1983) Some electrical circuit properties of the organ of Corti. I. Analysis without reactive elements. Hear Res;12:89-120.

Stevens et al. (2011) Guidelines for Cochlear Microphonic Testing, NHS v. 2.0 Edited 2014.